Morrer de amor ao pé da tua boca....Sufocar de prazer com o
teu corpo...Trocar tudo por ti se for preciso...( apenas rascunhos...aff )......
Sentado a mesa em seu quarto lápis e papel de rascunho nas
mãos. Ele pretendia escrever sobre o amor, mas nada lhe vinha à cabeça. Já
fazia um bom tempo que nada acontecia a ele. Ele apenas... Cumpria com os seus
compromissos, divertia-se algumas vezes, um ou outro encontro casual, mas nada
de extraordinário. “Talvez seja assim com todos”, ele acreditava. “Também, se
tudo acontecesse o tempo todo, não haveria peito para absorver todas as
sensações. Talvez a inércia seja um mecanismo de defesa”, disse ele justificando
para si mesmo. Talvez, pois ele não tinha certeza de nada quando começou a
escrever o texto. A única coisa que poderia afirmar, mas mesmo assim correndo o
risco de grandes transformações ao ponto final, era de que escreveria sobre o
amor.
Levantando-se,
foi ao banheiro, ascendeu um cigarro,
pegou um café e pensou “tão cliché quanto escrever de óculos retro, ou escrever
sobre o amor” e riu de si mesmo.
Talvez o amor não fosse o melhor
assunto. Todos gostam de escrever sobre o amor, mesmo sem acrescentar nada de
valioso ao assunto. E ele também não pretendia acrescentar nada. Soaria
pretensioso. O que ele pretendia dizer era apenas que o amor talvez fosse algo
menor, com menos importância e menos caloroso. “O amor é pequeno”, afirmou ele
em voz baixa interrompendo seus pensamentos.
Depois de algumas pensamentos ele voltou ao começo. Ele não
estava satisfeito. Também não era para menos, o texto não fluíra. O problema
era que ele tentava escrever sobre algo que desconhecia. Mas depois de tantos
cafés e cigarros, o curso natural seria justamente um texto sobre o amor. E
neste momento lhe veio à cabeça a ideia de que talvez o amor fosse um recomeço.
Tudo o que já aconteceu repetindo-se indefinidamente. Loucura, ele sabia, mas
se a paixão seria a sensação de descoberta e furor inicial, o amor só poderia
ser a repetição dessa paixão indefinidamente. Talvez aí estivesse o gancho.
Talvez ele devesse recomeçar o texto para que ganhasse vida. Talvez não
apenas o texto devesse ser recomeçado.
Ele embolou o papel rascunhado sobre a mesa, jogou na
lixeira, pegou uma nova folha e recomeçou a rascunhar.
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